Review: “Slow Horses” – Temporada 5 mantém o charme, mas perde o fôlego

Os primeiros três minutos da quinta temporada de Slow Horses são algumas das cenas mais impactantes e perturbadoramente atuais da TV recente. Sem spoilers, o episódio abre com um ataque violento envolvendo um extremista branco radicalizado e uma campanha política para a prefeitura de Londres. É brutal, real e desconfortável — um soco no estômago.

Mas essa seriedade dura pouco. Logo em seguida, a série assume um tom surpreendentemente mais leve, sarcástico e até absurdo. É, sem dúvida, a temporada mais engraçada e debochada de Slow Horses até agora — e talvez isso seja tanto sua força quanto sua ruína.

Desde sua estreia em 2022, a produção da Apple TV+ conquistou um público fiel com seu grupo de espiões fracassados do MI5, confinados à decadente Slough House sob o comando do genial e repugnante Jackson Lamb (Gary Oldman). A nova temporada marca a despedida do criador e roteirista Will Smith (não o ator), que se despede após ganhar um Emmy pela série, enquanto a produção já está confirmada até a sétima temporada.

Entre a comédia e o caos

Desta vez, o foco recai sobre as consequências políticas de um crime que abala Londres. River Cartwright (Jack Lowden) finalmente ganha mais personalidade e humor, enquanto Shirley (Aimee-Ffion Edwards) lida com a perda de seu parceiro Marcus (Kadiff Kirwan). Já Coe (Tom Brooke) e Roddy Ho (Christopher Chung) assumem papéis maiores e garantem os momentos mais cômicos.

Em contrapartida, personagens queridos como Louisa Guy (Rosalind Eleazar) e Catherine Standish (Saskia Reeves) aparecem menos, mas devem retornar com mais destaque na próxima temporada.

Gary Oldman continua impecável como o desbocado Lamb, misturando cinismo e genialidade, enquanto Kristin Scott Thomas mantém sua imponência como a implacável Diana Taverner. O novo “antagonista” é Claude Whelan (James Callis), cuja presença carismática adiciona humor, mas também empurra a narrativa para um tom quase caricatural.

Política e sátira em desequilíbrio

A temporada começa prometendo uma análise afiada sobre a polarização política britânica, com uma disputa entre um candidato claramente inspirado em Sadiq Khan e outro que remete a Nigel Farage. No entanto, essa crítica logo se perde em meio a tramas fantasiosas e momentos de puro absurdo — como uma explosão envolvendo pinguins no zoológico de Londres.

O que começou com um comentário social poderoso termina diluído em piadas e situações sem consequência real. Slow Horses sempre flertou com o humor ácido, mas aqui o tom parece ultrapassar o ponto, tornando a história mais leve do que deveria ser.

Veredito

A quinta temporada de Slow Horses é divertida, espirituosa e, como sempre, muito bem atuada. Mas também é a mais inconsistente da série. Ela ri quando deveria cutucar, e desvia do peso dramático que constrói no início. Ainda assim, é impossível não se envolver com esse grupo de espiões desajustados — e Oldman continua sendo o coração da produção.

Nota: ★★★☆☆ (3/5)
Uma temporada que diverte, mas perde o fio da navalha que fez Slow Horses brilhar.

Chris Wescley

✍️ Autor(a)

Profissionalmente envolvido com o universo cultural, atuo na criação e curadoria de conteúdos voltados à música, cinema e séries. Meu trabalho busca conectar pessoas à arte, explorando o impacto que diferentes expressões culturais exercem sobre o público e o cenário contemporâneo.

Com um olhar voltado à comunicação e ao comportamento artístico, participo ativamente da cobertura e análise de produções que moldam o imaginário coletivo — do rock às novas tendências do audiovisual. Minha atuação combina paixão e pesquisa, valorizando o poder da cultura como forma de expressão, reflexão e identidade.

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